quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Dissertação no Slide Share

Acabo de fazer o upload da minha dissertação de Mestrado para o Slide Share. Assim, fica mais fácil visualizá-la também por aqui, ou fazer o download. Aos poucos, irei disponibilizando por lá também os artigos já publicados.


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domingo, 28 de agosto de 2011

Palestrando por aí

Na última quinta-feira, dia 25, palestrei para os alunos da disciplina de Jornalismo Online da Unifra, a convite da professora Mariângela Recchia. O tema da minha fala foi Jornalismo e Mídias Sociais Digitais (slides abaixo). 

A aula contou também com a palestra sobre Blogs e Jornalismo, da jornalista e mestre em Comunicação Silvana Dalmaso. Foi ótimo reencontrar as amigas Mari e Sil e poder trocar ideias com os alunos. 

Terça-feira irei para outro encontro bacana com os alunos da minha também querida amiga Patrícia Persigo, na UFSM. Eu, o Jonas Brasil e a Taísa Dalla Valle iremos falar sobre Comunicação Integrada. Outro assunto instigante que promete render muita discussão.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Mídias sociais e coberturas participativas


>>Artigo que publiquei, este ano, no e-book "Para entender as mídias sociais", organizado pela Ana Brambilla. 

Reconhecidas historicamente por seu papel de intermediárias da informação na sociedade, as empresas jornalísticas veemse hoje diante de pelo menos um desafio no cenário das mídias sociais: como continuar sendo referência de credibilidade para um público cada vez mais atuante e participativo? Com as possibilidades trazidas ou reforçadas pela Web 2.0, o público tornouse fonte de informação, muitas vezes noticiando antes dos veículos de referência.  Basta um aparelho móvel conectado para que sejam publicados relatos por meio de vídeo, texto e fotos, direto do local dos acontecimentos. Diante desse contexto, a resposta mais comum das organizações jornalísticas tem sido a adoção de estratégias de abertura na produção dos conteúdos e de inclusão do público em suas coberturas noticiosas.

Inicialmente, a tendência foi inserir seções de jornalismo participativo ou cidadão nos portais ou sites jornalísticos, geralmente com a edição final a cargo de uma equipe da própria redação. Algumas empresas também passaram a incorporar blogs de jornalismo hiperlocal aos seus  portais, e outras iniciativas com um tom de participação comunitária. Essas estratégias participativas, no entanto, raramente pautam os espaços institucionalizados do jornal, ficando na maior parte do tempo limitadas a uma seção específica. A partir de 2008, com o crescimento das ferramentas de mídia social, com destaque para os usos informativos do Twitter e as possibilidades de relacionamento do Facebook, o cenário ficou mais complexo, pois se criou um fluxo intenso de informações produzidas e/ou disseminadas pelos próprios usuários, sem necessidade de mediação institucional.

Muitas empresas jornalísticas passaram a marcar presença nos sites e ferramentas de mídia social, sem saber direito o que fazer. Algumas continuam reproduzindo o modelo de transmissão da mídia de massa, usando seus perfis apenas para difundir informações. É o caso do @g1 (do portal de notícias da Globo), que em geral utiliza feeds automáticos para postar manchetes em seu perfil no Twitter. Outras empresas jornalísticas, além de postarem informações, também procuram interagir com o público no Twitter, como é o caso dos perfis @estadao (do jornal O Estado de São Paulo) e @zerohora (do jornal gaúcho de mesmo nome).

A participação do público, antes limitada a uma seção no site ou no portal da empresa  jornalística, agora ocorre em fluxo contínuo, através das possibilidades de produção, distribuição e compartilhamento das ferramentas de mídia social. Em coberturas participativas pelo Twitter, os seguidores do perfil de uma organização jornalística (seja jornal, rádio, TV) são convidados a contribuir em algumas coberturas específicas. Os relatos e imagens enviados pela audiência por meio de posts em até 140 caracteres são depois compartilhados com os demais followers, através dos retweets (RTs).

Em minha dissertação de mestrado, analisei duas coberturas jornalísticas, separadas pelo intervalo de um ano, realizadas pelo perfil @zerohora. Os resultados da pesquisa revelaram um crescimento significativo da inclusão do público na narrativa jornalística. Se, em um primeiro momento, o jornal ainda prioriza a difusão de informações, utilizando a mídia social de forma massiva, logo a prioridade passa a ser o compartilhamento das informações geradas pela comunidade de seguidores do jornal no Twitter. Percebese, assim, uma maior exploração das possibilidades da mídia social pelo jornalismo, com maior destaque para a participação.

Na primeira cobertura analisada, foram selecionados 81 tweets postados pelo perfil  @zerohora entre 18/11/2009 e 18/12/2009 que se referiam à cobertura de um temporal. Desse total, a maioria das postagens, correspondendo a 65% do total, dizia respeito à difusão de informações. A participação apareceu apenas nos tweets em que @zerohora solicitava a  contribuição dos seguidores na cobertura, com 12% do total de posts. Em menor número, apareceram usos voltados à conversação com os seguidores e ao compartilhamento, por meio dos retweets. Essa primeira cobertura analisada mostrou que, embora usando a mídia social, o jornal deu preferência a um uso massivo do Twitter, mais distribuindo notícias do que  interagindo ou dando espaço à colaboração dos seguidores.

Já na cobertura de trânsito, que ocorreu um ano depois da primeira, foram selecionados 141 tweets postados por @zerohora entre 05/12/2010 e 05/01/2011. Nesse caso, as contribuições do público se sobrepuseram às notícias dadas pelo próprio jornal. Mais de 65% dos tweets foram RTs, a maioria deles referente a relatos enviados pelo público. Nesse caso, diminuiu o número de tweets em que o jornal solicita a participação, mas aumentou consideravelmente o compartilhamento da participação efetiva dos seguidores. Os resultados mostraram uma  evolução da apropriação do Twitter como mídia social por parte de @zerohora, a partir da valorização da cobertura participativa.

Embora seja um case pontual, @zerohora pode fazer parte de uma tendência mundial em  termos de cobertura jornalística através do Twitter. Especialmente em catástrofes e conflitos políticos, o Twitter cada vez mais reúne um grande número de atores sociais capazes de postar informações relevantes direto do palco dos acontecimentos. Cabe aos perfis das organizações jornalísticas, ou dos próprios jornalistas, atuarem na moderação dessas informações, apurandoas e replicando o que for relevante. Talvez seja esse o novo papel que caiba ao jornalismo na era das mídias sociais: atuar como uma espécie de atestado de credibilidade ao primar não pelo furo da notícia, mas por sua validação.

Jornalistas e organizações informativas ao redor do mundo têm tentado encontrar o melhor uso para as mídias sociais, e alguns casos de sucesso envolvem a adoção de coberturas participativas no Twitter. É o caso do jornalista norteamericano Andy Carvin, da NPR (rádio pública dos EUA) que realiza sua cobertura sobre o mundo árabe de modo participativo, por meio de RTs no Twitter. Devido ao grande número de perfis que segue e de sua influência na Web, o repórter tornouse uma espécie de agência de notícias que representa a NPR nas mídias sociais. O papel de mediador que conquistou nesse espaço tem tanto peso, que a rede decidiu manter seu perfil pessoal ao invés de forçálo a usar o nome da organização.

A adoção da cobertura participativa nas mídias sociais por parte das organizações noticiosas é algo recente, mas pode ser uma iniciativa capaz de agregar um novo tipo de credibilidade no espaço digital. Incluir o público passa a ser vital para a sobrevivência do próprio jornalismo. Difundir e transmitir são verbos da era de massa que parecem ficar cada vez mais no passado, dando lugar a outros mais adequados à mídia social, como conversar, compartilhar e interagir. De qualquer modo, ainda é cedo para sabermos a fórmula ideal desse novo jornalismo, se é que essa fórmula existe.

>> Vale a pena conferir todos os artigos do e-book. Tem gente de peso lá, a começar pelos prefácios de Raquel Recuero, Juliano Spyer e Edney Souza, além de Pollyana Ferrari, Eric Messa, Gil Giardelli, dentre tantos outros. Ainda não fez o download? É só clicar aqui


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Publicidade ou Propaganda?

Tive uma experiência este ano como professora da disciplina de Atendimento em um cursinho preparatório para concursos. Em uma das aulas, ao falar sobre Propaganda, uma aluna que era estudante do curso de Comunicação colocou em dúvida o que eu afirmava sobre as diferenças entre os conceitos de Publicidade e de Propaganda. Na hora, eu que sou jornalista e tenho estudado sobre Marketing nas mídias digitais, fiquei realmente confusa. Ao pesquisar sobre o assunto, acabei ficando muito grata àquela aluna que me questionou, pois me oportunizou ter contato com a grande confusão conceitual que existe entre a área do Marketing, que vem da Administração, e a da Publicidade e Propaganda, que faz parte da Comunicação. 
Em minha pesquisa para a aula seguinte no cursinho, encontrei um artigo de 2001 muito esclarecedor, de autoria da Profª Neusa Demartini Gomes (PPGCOM - FAMECOS/PUCRS). Disponibilizo abaixo o resumo que fiz do texto, que acho que pode ajudar muita gente, seja da área da Administração ou da Comunicação. Infelizmente, as faculdades muitas vezes se fecham em suas áreas, delimitando os autores utilizados nas disciplinas, e os alunos acabam saindo com uma visão estreita. Depois, no mercado, até que descubram que todo trabalho exige conhecimento e habilidades multidisciplinares, muitos erros acabam acontecendo. Embora não seja um tema novo, acredito que, assim como eu, muitos outros profissionais e professores deparam com dúvidas semelhantes.

No Brasil, existe confusão entre os termos propaganda e publicidade por um problema de tradução. As traduções dentro da área de administração e marketing utilizam propaganda para o termo em inglês advertising e publicidade para o termo em inglês publicity. As traduções dentro da área de comunicação social vão em sentido oposto, e utilizam propaganda para o termo em inglês publicity e publicidade para o termo em inglês advertising. Particularmente, acredito que a utilização dos termos pelo marketing é mais correta.
No entanto, para os órgãos regulamentadores da atividade no país, não há distinção. Quando se faz a distinção, costuma-se enfatizar que propaganda tem sempre um emissor revelado, explícito, enquanto em publicidade isso pode não acontecer. O termo propaganda é usado quando a veiculação na mídia é paga, já publicidade refere-se à veiculação espontânea.

       Assim:

Propaganda - para a comunicação é a divulgação de ideias; para o marketing tem que ser remunerada e ter patrocinador identificado >>>> advertising

Publicidade - para o marketing é a área profissional que faz propaganda; para a comunicação é a propaganda de cunho comercial >>>> publicity

Para a área de Marketing, especificamente:

·  Propaganda é qualquer forma remunerada de apresentação não pessoal (massivo) e promocional de ideias, bens e serviços por um patrocinador identificado (ANÚNCIO PUBLICITÁRIO). É definida como sendo "a comunicação de massa, paga, cujo objetivo é difundir informações, criar atitudes e induzir a ações benéficas ao anunciante (geralmente, compra do produto ou serviço anunciado)". Em outras palavras, propaganda é todo esforço de comunicação tendente a beneficiar uma empresa, um produto ou um serviço sob o patrocínio ostensivo de alguém (o anunciante, claramente identificado).

·       Publicidade é uma atividade profissional dedicada à difusão pública de ideias associadas a empresas, produtos ou serviços, especificamente, propaganda comercial (PROFISSÃO, ATIVIDADE). É o esforço de comunicação destinado a influenciar determinadas atitudes, mas sem o patrocínio ostensivo de alguém que é o anunciante clara e perfeitamente definido. 


Exemplos:

>> “Beba leite”: divulgação de uma ideia com objetivo evidente, aumentar o consumo de leite. (publicidade)


Reportagem sobre o MC Donalds é um exemplo de publicidade.

>>“Beba leite Parmalat”: divulgação de uma ideia cujo interesse maior é o comercial, ou seja, vender mais leite da marca anunciada. (propaganda).

Anúncio da marca é exemplo de propaganda.
Para não esquecer, fica o quadro abaixo, que resume os conceitos sob a perspectiva do marketing.

PUBLICIDADE X PROPAGANDA
PUBLICIDADE (PUBLICITY)
PROPAGANDA (ADVERTISING)
Faz circular ideiais
Quer ajudar a vender
É gratuita (boca a boca, viral, reportagens)
Paga pelo anunciante
É dirigida ao indivíduo
Dirigada a uma massa de consumidores (meios de comunicação)
Apela para os sentimentos, tem intuito informativo.
Apela para o conforto, prazer, satisfação, tem
intuito persuasivo / convencimento.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Mídias sociais: dúvidas na hora de usar


Em termos de marketing digital, o que não faltam são gurus e suas bíblias com fórmulas mágicas. Todo dia, milhares de novos posts em blogs, artigos em revistas e livros totalmente dedicados ao assunto são disponibilizados de modo muito acessível e até gratuito. No entanto, quanto mais leio sobre o assunto, confrontando com o que vejo todos os dias em meu trabalho como analista de mídias sociais (embora eu atue muito mais como editora nessas mídias), mais dúvidas eu tenho sobre a maneira correta de se atuar nessas mídias. 

Vou enumerar algumas aqui:

1. No Twitter, como encontrar o público que buscamos para o cliente e sua  marca? Vejo esta como uma grande dificuldade, pois a descrição na bio dos usuários nem sempre traz informações quanto à cidade/região ou faixa etária, por exemplo. Assim, acabamos adicionando gente um tanto que a esmo, como forma de notificar a existência do  perfil em questão, esperando sermos seguidos de volta. O problema é que não temos como filtrar melhor nosso público. Se no planejamento prometemos atingir o público tal, um número xis de seguidores, como cumprir em curto prazo, que é o que as empresas esperam?

2. Ainda sobre o Twitter, como fazer com que os usuários entendam a importância de incluir em seus RTs a hashtag de uma campanha? Ou então como lidar com a dificuldade dos seguidores no entendimento de regrinhas básicas de uma promoção? É um tal de retuíte para o link errado, de compreensão equivocada das regras da promoção, e por aí afora.

3. Falamos o tempo todo em engajamento, mas como entregar isso ao cliente se sua marca ainda é iniciante e não possui esse capital no "mundo offline"? O problema é que o cliente espera receber o retorno em pouco tempo, muitas vezes assinando um contrato de pouco tempo com a agência esperando resultados grandiosos.



4. No Facebook, um grande número de usuários ainda não entendeu direito o funcionamento de todas as funcionalidades, não sabe onde e o que "curtir" e a marca fica falando sozinha. É fácil falar em monitorar a conversa do público e a concorrência e participar da conversa. Mas e quando essa conversa não existe, simplesmente porque nem os concorrentes nem o público-alvo da marca estão nas mídias sociais? Parte-se totalmente do zero e para isso não há guru ou bíblia que indique um caminho.

5. Ainda sobre o Face, a regra é que se crie uma página de fãs (as fan pages) para marcas e negócios, no entanto muitas ainda usam o perfil como forma mais rápida de conseguir amigos, o que depois facilita na hora de transformar esse perfil em uma fan page (os amigos migram como fãs que curtiram a página). A dificuldade é semelhante a que ocorre no Twitter. Ao invés de seguidores, são os fãs o problema. Nem sempre o público do cliente (empresa, marca etc) nos dá as melhores pistas para que a gente o encontre por lá. E aí temos um monte de fãs que, na real, não são nosso verdadeiro público e não irão comprar o produto do nosso cliente, que no final das contas é o objetivo final do  marketing.

São apenas algumas dificuldades típicas de quem trabalha com marcas e negócios pequenos, no interior. Imagino, no entanto, que seja a realidade para muitos gestores, analistas e editores de mídias sociais, que assim como eu sentem uma grande discrepância entre o que sugere a teoria e o que ocorre na realidade. Talvez o que me falte seja conhecimento de ferramentas que facilitem este processo e este post visa justamente trocar ideias. Aceito sugestões e críticas!