terça-feira, 12 de abril de 2011

O mundo enredado

Por que mídia em rede? O que é isso, afinal?
A ideia é que este blog seja um espaço para compartilhamento de informação e desenvolvimento de discussões sobre este período de transformações que vive a mídia. A mídia de massa não morreu, a mídia digital está com tudo. E elas, ao que tudo indica, têm muito a aprender uma com a outra. 
A força da mídia e da comunicação está, cada vez mais, nas pessoas interligadas, conectadas, em rede. Cada um é uma mídia com uma força capaz de destruir ou alavancar reputações em poucos segundos. As estruturas lineares do mundo analógico estão se dissolvendo, as hierarquias se desconstroem, o mundo se reorganiza. Jornalismo, publicidade, marketing, relações públicas, antes campos mais ou menos estanques agora se fundem, se chocam, e não há limites entre eles.
Eis o mundo em rede, da liberação do polo de emissão, da democratização das ferramentas de produção e distribuição de conteúdo, e das incertezas sobre onde isso tudo irá nos levar.
O jeito é acompanhar tudo, ler, aprender, testar, trocar ideia, compartilhar.
Vamos nessa?

2 comentários:

  1. Oi, Lu, que legal teu novo blog. Meu primeiro comentário, aqui, vem cheinho de incertezas. Vou começar com uma afirmação e em seguida, com uma interrogação. Afirmo, com certeza absoluta, que as mídias tradicionais simplesmente estariam se renovando a passos largos através das mídias digitais, num processo em que estas últimas estariam se tornando, cada vez mais, mídia de massas. Olha o twitter com o BBB ou as transmissões de jogos pela TV, virando TTopics. Num processo que em última análise é vertical, apesar de uma aparência de "interatividade". No FB, temos a CIA, o governo israelense e grandes corporações, usando softwares para interferir nos "likes", multiplicando-os milhares de vezes quando usuários de sítios de redes sociais postam coisas favoráveis aos seus interesses. Você posta que está tomando uma Coca, ou que há manifestações de rua contra um determinado regime que os EUA querem derribar, e milhões de [falsos] "likes" são despejados nas redes sociais. Enfim: do mesmo modo que o capitalismo se apoderou dos movimentos sociais dos anos 60, usando-os para detectar novos padrões de consumo e transformando-os em mercadorias, os sítios de redes sociais fazem o mesmo, num processo elevadamente vertical disfarçado de "interativo". Agora, passo à interrogação: até que ponto as mídias digitais teriam se transformado em novo instrumento de alienação? Quais as suas possibilidades de um uso, digamos assim, mais libertador? Afinal, quando se fala em transposição da mídia tradicional para a mídia online, isso abre margem tanto no que diz respeito aos interesses tanto do "sistema" (ô palavra véinha...), quanto aos interesses de quem dele deseja se distanciar. Exatamente, como nas mídias tradicionais: onde havia uma "rádio Gloooobôôôôôô..." sendo captada nos menores e mais distantes lugarejos do Brasil e, ao mesmo tempo, rádios comunitárias e clandestinas, com elevada participação dos ouvintes. Ou rádios legalizadas, com ouvintes interagindo (quem sabe mais que na Internet?) entre si, como deves te lembrar bem, dos teus longos anos atuando como radialista. E os jornais? A des-verticalização ia muito além, das "coluna do leitor": porque havia jornais nanicos. E havia os jornaizinhos que a gente fazia na faculdades, nos bairros, usando mimeógrafo. Em outros termos: toda mídia tanto atuaria verticalizando e defendendo interesses econômicos e políticos hegemônicos, mas, historicamente, também possibilitou um uso mais democratizado e além do mainstream da coisa. Na Internet, o mesmo ocorre. Está sendo utilizada intensamente para legitimar quem detém o poder (econômico, político, militar, comercial, desejante, estético etc) no mau sentido da palavra (mas não do verbo, hehehe) "poder" e, ao mesmo tempo, também oferece possibilidades de se ir contra esse poder. Minhas interrogações, portanto, são: até que ponto? E como fazer da Internet algo tão libertador, como aquele jornalzinho mimeografado que a gente rodava na faculdade muitas vezes anonimanente, pra não parar na cadeia?

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  2. João, serei breve ao comentar tuas colocações. Acredito que há um imbricamento entre mídias de massa e mídias digitais, uma espécie de retroalimentação, realmente. A mídia de massa está se pautando muito da mídia digital, buscando nela algumas pautas e também reforçando o contato com o público nas mídias sociais; e a digital também tem muito de seu conteúdo pautado pela tv, jornal, rádio etc. As organizações e as corporações da mídia tradicional estão se dando conta do poder da internet e passam a usar diversas estratégias para interagir com quem está nesse universo digital, e acabam de algum modo detonando o caráter mais contracultural da internet em seus primórdios. Falamos em democracia na internet, em nova esfera pública, mas esse lado mais engajado também convive com o mundo do capital. Na verdade a internet é uma plataforma que acaba sendo palco de disputas entre interesses e ideologias e reproduz muito da tensão que rola no mundo offline. Tudo depende do uso. Até que ponto pode ser libertadora? Ate que ponto é só mais uma mídia? Sinceramente, não sei. Pra mim o fato é que, mesmo que o marketing esteja "tomando conta" da web, sendo muito mais ágil do que outros interesses no uso estratégico das ferramentas, por si só o fato de ter de se adequar, passando a ter um tom muito mais de "ouvir" o consumidor e dialogar com ele já é uma forma de revolução. Falta muito para podermos falar em uma democratização, em um padrão realmente todos-todos, se é que isso um dia vai ocorrer, mas jpa vejo uma grande transformação em termos comunicacionais.

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